Portugal, país onde nasci em tempos de ditadura,
mudou muito nestas últimas décadas.
Se o 25 de Abril, como referi no último post, nos encheu a todos de esperança em dias melhores, que se cumpriram em parte, nos últimos anos temos assistido a retrocessos vindos de todos os lados.
Se o 25 de Abril, como referi no último post, nos encheu a todos de esperança em dias melhores, que se cumpriram em parte, nos últimos anos temos assistido a retrocessos vindos de todos os lados.
A nossa dívida externa é hoje assustadora e vai
piorar em consequência das
megalomanias e dos desvarios dos nossos governantes. A taxa de
desemprego é hoje assustadora e vai continuar a piorar ao mesmo ritmo da
destruição do emprego neste país. A sensação de insegurança é hoje mais
assustadora do que nunca, fruto dos assaltos violentos que assolam
Portugal de Norte a Sul. A corrupção, ou o que vamos conhecendo dela, é hoje
assustadora e mete coisas estranhas como histórias de off-shores,
de malas com dinheiro vivo para pagamentos esquisitos, de pressões para
silenciar juízes, de construções desenfreadas em locais protegidos etc. etc.
Entretanto a burocracia cresceu de forma assustadora
em todos os sectores. A Justiça e, sobretudo, a imagem que hoje temos dela, é assustadora.
Quanto aos políticos é vê-los por aí, gente que
nunca foi nada de nada sem a sombra protectora de um partido político, que
nunca se elevou pelo seu valor intrínseco, e que, ao apanhar-se com as rédeas
do poder, incham em cima dos estrados, montados em tacões
altos e pose de posso, quero e mando, de dedo em riste cortando o ar, bramindo
o seu chicote, ameaçador, perante os seus subalternos que se querem dobrados,
silenciosos, rastejantes e despojados de qualquer opinião.
Portugal de hoje também se faz de histórias de gente assim. E este é o Portugal que não me interessa de todo.
Entretanto, e segundo um estudo realizado por Ivone Patrão e Joana Santos Rita, investigadoras
do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), metade dos professores portugueses sofre de stress, ansiedade e exaustão. Sofrem da chamada síndrome de burnout, um estado físico,
emocional e psicológico associado ao stress e à ansiedade que, nos casos mais
graves, pode mesmo levar à depressão.
Nesse estudo, o primeiro aspecto apontado pelos docentes como causa para o
distúrbio prende-se com a "dificuldade de gestão dos problemas de indisciplina
na sala de aula, com a percepção da desmotivação para o estudo por parte dos
alunos e pela pressão para o sucesso". O segundo factor relaciona-se com a "insatisfação
com a carga lectiva que lhes é atribuída, por todas as responsabilidades
não-educacionais e pela falta de trabalho em equipa e de suporte das chefias,
além da pressão de supervisores no que toca à avaliação de desempenho".
No desenvolvimento deste estudo, que começou em 2009 e
ainda decorre, conclui-se ainda que são os docentes mais velhos, efectivos e com mais
anos de experiência juntamente com os professores de Educação Especial e os professores do ensino regular que têm alunos com necessidades educativas especiais nas suas turmas, que apresentam
valores mais elevados de ansiedade, esgotamento e preocupações profissionais.
A escola de hoje também se faz de histórias assim.
E esta é a escola que, por estas razões e por todas as outras que já referenciei anteriormente, já não me interessa de todo.