sábado, 23 de junho de 2012

Portugal 2012

Portugal, país onde nasci em tempos de ditadura, mudou muito nestas últimas décadas. 
Se o 25 de Abril, como referi no último post, nos encheu a todos de esperança em dias melhores, que se cumpriram em parte, nos últimos anos temos assistido a retrocessos vindos de todos os lados.
A nossa dívida externa é hoje assustadora e vai piorar em consequência das megalomanias e dos desvarios dos nossos governantes. A taxa de desemprego é hoje assustadora e vai continuar a piorar ao mesmo ritmo da destruição do emprego neste país. A sensação de insegurança é hoje mais assustadora do que nunca, fruto dos assaltos violentos que assolam Portugal de Norte a Sul. A corrupção, ou o que vamos conhecendo dela, é hoje assustadora e mete coisas estranhas como histórias de off-shores, de malas com dinheiro vivo para pagamentos esquisitos, de pressões para silenciar juízes, de construções desenfreadas em locais protegidos etc. etc.
Entretanto a burocracia cresceu de forma assustadora em todos os sectores. A Justiça e, sobretudo, a imagem que hoje temos dela, é assustadora.
Quanto aos políticos é vê-los por aí, gente que nunca foi nada de nada sem a sombra protectora de um partido político, que nunca se elevou pelo seu valor intrínseco, e que, ao apanhar-se com as rédeas do poder, incham em cima dos estrados, montados em tacões altos e pose de posso, quero e mando, de dedo em riste cortando o ar, bramindo o seu chicote, ameaçador, perante os seus subalternos que se querem dobrados, silenciosos, rastejantes e despojados de qualquer opinião.

Portugal de hoje também se faz de histórias de gente assim. E este é o Portugal que não me interessa de todo.

Entretanto, e segundo um estudo realizado por Ivone Patrão e Joana Santos Rita, investigadoras do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), metade dos professores portugueses sofre de stress, ansiedade e exaustão. Sofrem da chamada síndrome de burnout, um estado físico, emocional e psicológico associado ao stress e à ansiedade que, nos casos mais graves, pode mesmo levar à depressão.
Nesse estudo, o primeiro aspecto apontado pelos docentes como causa para o distúrbio prende-se com a "dificuldade de gestão dos problemas de indisciplina na sala de aula, com a percepção da desmotivação para o estudo por parte dos alunos e pela pressão para o sucesso". O segundo factor relaciona-se com a "insatisfação com a carga lectiva que lhes é atribuída, por todas as responsabilidades não-educacionais e pela falta de trabalho em equipa e de suporte das chefias, além da pressão de supervisores no que toca à avaliação de desempenho". 
No desenvolvimento deste estudo, que começou em 2009 e ainda decorre, conclui-se  ainda que são os docentes mais velhos, efectivos e com mais anos de experiência juntamente com os professores de Educação Especial e os professores do ensino regular que têm alunos com necessidades educativas especiais nas suas turmas, que apresentam valores mais elevados de ansiedade, esgotamento e preocupações profissionais. 

A escola de hoje também se faz de histórias assim. 

E esta é a escola que, por estas razões e por todas as outras que já referenciei anteriormente, já não me interessa de todo.

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