domingo, 26 de junho de 2011

O Despertar para a dura realidade...


O despertador marca as 8 horas da manhã e começa o aviso estridente de que chegou a hora de saltar da cama para ir trabalhar. A vontade é nula e a motivação que me faz mexer já lá vai há alguns anos. 
Confesso que me sinto confuso, baralhado e em grande sofrimento. Tenho, no entanto, que reagir à imagem negativa que me surge na mente: Lurdes Rodrigues e Sócrates. 
Continuo a esforçar-me para não me deixar vencer pela desmotivação que me prejudica na minha actividade profissional.
Quando comecei a trabalhar em Monção, a motivação estava a altas rotações. A ideia de aprender coisas novas e conhecer pessoas e ambientes diferentes era excitante e agradável. 
Ao fim destas três décadas e meia surgiu esta desmotivação e, como já referi, o problema nem é o trabalho em si, mas o que o rodeia. Divergência de opiniões sucessivas, intrigas e conflitos com colegas, injustiças face ao seu trabalho, excesso de controlo, mudanças legislativas permanentes.
Ter de ensinar, transmitir conhecimentos específicos e diversificados a alunos especiais, organizar o trabalho para cada um deles em função das suas dificuldades e também das suas capacidades e competências, manter a o interesse e a motivação de cada um deles e, simultaneamente, apanhar com tudo isto confesso que se tornou para mim impossível de suportar.
Não esqueço, nem perdoo, os culpados de toda a situação negativa que me aconteceu a mim e ao País.
E, como já tive oportunidade de o referir várias vezes, grande parte de tudo o que de mau aconteceu nessa época deveu-se a José Sócrates e à sua equipa no Ministério da Educação. A sua megalomania e obstinação, aliados à sua irresponsabilidade em relação aos erros cometidos levaram o País e os portugueses para o abismo.
E fizeram-no com a desfaçatez que os caracteriza mas também com perseverança, energia, capacidade de persuasão e, até, com um certo poder de sedução – que explicam, aliás, a corte de admiradores que angariaram e ainda hoje conservam.
Entretanto continuam pendentes os julgamentos dos processos Freeport e Face Oculta, aos quais Sócrates é constantemente associado (fala-se de uma quantia de 200 mil euros para «pagamento ao Pinóquio mais conhecido por Engenheiro Sócrates»). Foram divulgadas, simultaneamente, escutas de conversas entre Sócrates e o reitor da Universidade Independente, Luís Arouca – as quais, não provando nada, disseram (e dizem) muito sobre os interlocutores.
Que respeito merece um primeiro-ministro que telefona constantemente ao reitor da faculdade onde andou para o instruir sobre o que deve e não deve dizer aos jornalistas sobre a sua licenciatura? E que respeito merece um reitor que revela tamanha subserviência perante um ex-aluno que é governante?
Paralelamente, voltam a ser falados os vários milhões que, num espaço de tempo curto, correram pelas contas em offshores de membros da família de José Sócrates.
Tempo de completa loucura em que o País teve a governá-lo um oportunista, vendedor de banha da cobra, bem-falante mas sem princípios. 
Sócrates foi, a meu ver, o político mais obscuro, de formação mais discutível e de carácter mais duvidoso que passou pelo Palácio de S. Bento.
Apesar de tudo o que de mau aconteceu nesta parte final da minha carreira e de toda esta desmotivação, considero que consegui ser sempre um homem independe e que, de certa forma, consegui mudar o significado negativo que tanta gente dá ao conceito de trabalho. De facto, procurei e encontrei há muito tempo a actividade de que mais gostava e que com ela ganhei a vida.
Talvez seja por isso que, globalmente, me sinto tranquilo e realizado enquanto aguardo a melhor oportunidade para apresentar a minha aposentação antecipada.

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