segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Continuando com uma incursão pelo passado, em Carrazeda de Ansiães.

Esse casal constituído por José Carriço e Felismina Gordinho teve cinco filhos.
Agripino, o mais velho e que viria a ser assassinado com cinco tiros de pistola por Ilídio Vieira, que se quis vingar de ofensas corporais e morais praticadas a sua mãe Josefa;
José (Zé) - que viria a emigrar definitivamente para França;
Prudência – de quem não tenho elementos relevantes a não ser que cresceu e viveu sem nunca ter saído da aldeia;
Álvaro que também emigrou para França (zona de Lyon);
Margarida a mais nova e minha avó materna.

Por volta de 1920, minha avó Margarida apaixonou-se por Alfredo Alentejano. Entre eles nasceu e floresceu um grande amor mas que também gerou e despoletou grandes ódios entre as duas famílias.
Os pais e os irmãos de minha avó não aceitaram de bom grado este namoro e perseguiram os dois. Meu avô foi atacado várias vezes, chegando a ser esfaqueado por José e por Álvaro.
Face a esta situação insustentável meu avô fugiu para França logo que acabou a I Grande Guerra Mundial e foi viver para a região de Lille, aproveitando a abertura deste País para receber mão-de-obra barata com a finalidade de recuperar dos estragos causados pela guerra.
Minha avó Margarida um dia, ou melhor uma noite, fugiu de comboio para França e foi - a pé - até à estação de caminhos-de-ferro mais próxima, o Vezúvio, com os seus irmãos a perseguirem-na até lá com a intenção de a apanhar e impedir de prosseguir com os seus intentos. Não conseguiram e, por conseguinte, Margarida foi ter com o seu amado com quem casou e teve dois filhos. Minha mãe e outro que morreu atropelado, em Paris, com 8 anos de idade, quando se dirigia a uma padaria para comprar pão para um dos clientes do pequeno restaurante que meus avós exploravam nesse época.
Extraindo essa desgraça da morte do filho primogénito, viveram felizes até à altura em que Paris foi invadida pelas tropas Alemãs, durante a II Grande Guerra Mundial.
Quando minha avó, fugindo da guerra, regressou ao Pinhal do Douro só com a filha, foi viver temporariamente para casa dos sogros e foi aí que ficou a saber que havia sido deserdada de todos os bens da parte da família de José Carriço e Felismina Gordinho.
Como uma desgraça nunca vem só elas tinham chegado sem recursos económicos, sem nada, pois todos os valores materiais e patrimoniais que tinham em França foram, naturalmente, usurpados pelos Alemães.
Meu avô ainda lá ficou na tentativa de não perder tudo mas … como a sua vida estava em perigo permanente teve que regressar também. Trouxe consigo muitos francos franceses que não tinham qualquer valor pois a moeda francesa foi retirada da circulação, tendo sido substituída pelo Marco Alemão, pelo menos enquanto durou a Guerra e a França esteve sob o domínio Alemão.
Estamos no início da década de 40. A guerra só viria a terminar 5 anos mais tarde.

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