terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O Projecto Viva a Escola como ponto de viragem profissional

Perante aquele contexto, e tendo também em conta as condicionantes relativas aos recursos humanos e materiais, propus-me atingir um conjunto de objectivos que procuraram responder às necessidades educativas daqueles alunos em concreto.
Foram assim criadas as condições necessárias para a ocupação dos tempos livres daqueles jovens com programas saudáveis e estimulantes; desenvolveram-se actividades com a finalidade de preservar os espaços verdes da escola; implementaram-se acções no sentido de estimular o empenho colectivo dos alunos na humanização do espaço escolar; incrementou-se o gosto pela prática do xadrez; proporcionou-se a possibilidade de muitos jovens se iniciarem na prática da natação e estimulou-se o gosto pela expressão teatral.
Para a consecução destes objectivos propusemos a criação de um clube de jardinagem, um núcleo de xadrez, um curso intensivo de natação, um clube de teatro e um torneio anual de xadrez aberto a toda a comunidade.
Como processos de avaliação do projecto previmos a realização de reuniões periódicas no início de cada período lectivo; a realização de entrevistas a professores e a alunos; a elaboração de relatório baseado na opinião de professores e encarregados de educação; a realização de um inquérito para avaliar a eficácia e a eficiência do projecto e a análise e tratamento de todos os dados recolhidos.

Ao longo dos três anos em que estive à frente do projecto foram envolvidos alunos de todos os níveis de ensino, alguns portadores de deficiências, num total de 625, 50 professores, muitos pais e encarregados de educação.
Muitos desses alunos aprenderam aqui a jogar xadrez e continuaram a sua prática representando o Clube de Xadrez de Vila Flor, outros aprenderam a nadar e, muitos deles, desenvolveram o gosto pela escola e aprenderam a envolver-se no esperíto académico. Como resultado verificou-se uma melhoria significativa no sucesso escolar, no nível de indisciplina e na taxa de abandono escolar.
E ... como "não há bela sem senão", em consequência directa deste meu envolvimento neste projecto tive oportunidade de conhecer, pela primeira vez, de forma consciente e muito clara, aquilo a que os psicólogos chamam de mobbing ou o poder da inveja. Com este trabalho, que era válido e passou a ser reconhecido como tal por toda a comunidade escolar, sobretudo pelos pais e encarregados de educação, passei a ter alguma popularidade.
No entanto, esta popularidade foi considerada como que uma ameaça para alguns colegas de profissão. Colegas invejosos, narcísicos e perversos que procuraram, de toda a maneira, desvalorizar o meu trabalho nomeadamente com a criação artificial de um clima de suspeição e de vazio.
Naturalmente este ataque de dois ou três colegas mobbers bem identificados, que procuraram demolir a minha moral foi gerando algum desgaste físico e psicológico. Mas, porque me apercebi a tempo do que estava a acontecer, e com ajuda de outros colegas membros do Conselho Pedagógico, passei a fazer-lhes frente e, depois de os desmascarar, foi fácil ganhar-lhes essa guerra que eles próprios criaram.
Aprendi, no entanto, que na vida humana nem o bem-estar nem a felicidade duram para sempre. É muito fácil passar do aplauso ao pelourinho, da glória ao insulto. Sócrates foi condenado à morte, Cipião ao exílio, Galileu foi preso, Lavoisier, o criador da química, foi guilhotinado. Quando eram felizes, os antigos temiam a inveja dos Deuses. 

Para mim não é preciso invocar os deuses pois a inveja dos homens basta-me, estimulando-me, espicaçando-me e "obrigando-me" a fazer mais e melhor.
Por tudo isso e, sobretudo, em consequência dos bons resultados obtidos nas actividades desenvolvidas no âmbito deste Projecto e com o consequente reforço da auto-estima e da autoconfiança tive oportunidade de, ainda durante esse ano lectivo, me envolver noutros projectos que recentraram e redireccionaram definitivamente toda a minha vida profissional.

Sem comentários:

Enviar um comentário