segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A 1ª Proposta de Intervenção Educativa a um aluno NEE

Só depois da revisão bibliográfica que fiz sobre as Dificuldades de Aprendizagem me senti suficientemente seguro para elaborar a proposta de intervenção educativa para um dos alunos com necessidades educativas especiais que me tinha sido atribuído.
Comecei por descrever a metodologia de Intervenção Educativa que no meu entender seria a mais ajustada para o aluno em estudo e que deveria ser implementada.
Essa metodologia procurou seguir os pressupostos defendidos por Vítor da Fonseca que no seu entender as Dificuldades de Aprendizagem eram o resultado da interacção entre os factores biológicos e os factores sociais.
O meio pode actuar como um facilitador do desenvolvimento e consequentemente da aprendizagem, juntamente com o potencial genético herdado. Nesta perspectiva comecei por caracterizar o meio onde o aluno residia assim como da escola que frequentava.
Considerei esta caracterização absolutamente fundamental, já que considerava que nenhum comportamento ou necessidade demonstrada por um indivíduo, pode ser analisado fora do contexto no qual ocorre ou se manifesta. Considerei também que o problema não deveria ser encarado como algo exclusivamente sediado naquele jovem aluno, (embora este pudesse também apresentar características que interferem negativamente com uma aprendizagem de sucesso), mas como um desequilíbrio funcional do sistema social e escolar em que estava inserido.
No caso concreto da educação constata-se que, na generalidade, os problemas educativos situam-se efectivamente na interacção do sujeito com os diferentes contextos em que participa directa ou indirectamente. De facto, cada vez mais se pensa que as problemáticas só secundariamente podem ser individuais: na base elas são sociais ou psico-sociais.
Estas ideias, oriundas da psicologia ambiental, opõem-se às teorias que vigoraram durante largos anos e que centraram exclusivamente na criança ou jovem a origem das suas dificuldades (menos inteligente, com carências culturais e linguísticas, com dificuldades motoras ...), ignorando o contexto no interior do qual estas dificuldades se manifestam.
Assim, e porque entendi que não basta avaliar as lacunas ou os atrasos de um aluno num domínio específico, mas sim captar os mecanismos por eles responsáveis e que muitas vezes estão ligados às diferenças culturais entre a criança e a escola, à dinâmica das relações interpessoais, às estratégias de ensino e aprendizagem utilizadas por professores e alunos, propus que fosse feita, logo no início do ano lectivo seguinte, uma avaliação de diagnóstico sendo, para o efeito, necessário preencher uma ficha de caracterização do aluno e uma outra de síntese.
Estes documentos permitiriam caracterizar e contextualizar as necessidades do aluno e indiciar pistas de intervenção que permitiriam ao novo Conselho de Turma ajustar a acção pedagógica às suas características e dificuldades específicas.
Porque entendi também que o aluno em estudo apresentava necessidades educativas especiais consideradas complexas e que a intervenção educativa tinha de ser construída a partir do conhecimento dos interesses, dos saberes e das dificuldades do aluno e, ainda, das causas que as originam e das suas expectativas, deveria elaborar-se um outro documento indispensável e previsto no Decreto-lei 319/91 de 23 de Agosto para estes casos - o Plano Educativo Individual.
Este Plano iria permitir que a intervenção se estabelecesse de forma coordenada, que fosse claramente definido o papel de cada interveniente e, por fim, que os pais fossem ouvidos nas decisões a tomar e fossem chamados a nelas participar.

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