terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O Diagnóstico Pedagógico/Educativo da 1ª Intervenção Educativa

O primeiro momento da intervenção educativa passou pelo diagnóstico pedagógico educativo em que se fez a caracterização do meio, a caracterização da escola e a caracterização do aluno. Na caracterização do aluno tive em conta os relatórios médicos, o relatório pedagógico global elaborado pelo conselho de turma.

A caracterização do meio.
O concelho de Vila Flor situa-se a Sul da Província de Trás-os-Montes e Alto Douro, no Distrito de Bragança, ocupando uma área de 272 Km2 numa região de características geomorfológicas e climáticas semelhantes - a Terra Quente Transmontana. A população do concelho atingia, segundo os resultados do Instituto Nacional de Estatística, em 1991: 8725 pessoas; das quais, 2757 residiam na sede do concelho e as restantes distribuíam-se pelas outras 18 Freguesias.
A população escolar, nesse ano lectivo, era constituída por 1473 alunos distribuídos pelos diferentes ciclos como a seguir se indica: Pré-escolar – 120; 1.º Ciclo – 471; 2.º ciclo – 213; 3.º ciclo – 340 e Secundário – 329 alunos.
O concelho tinha 7 Associações de natureza cultural, um museu etnológico e uma biblioteca municipal. Apesar disso, não existiam hábitos de leitura pois num inquérito por amostragem, realizado em 1984 cerca de metade dos habitantes preferiam como passatempo a televisão e a permanência no café.
A saúde a nível do concelho, tal como na maioria do interior do País apresentava carências de vária ordem, falta de pessoal especializado e de infra-estruturas hospitalares adequadas. O quadro médico era preenchido por 6 clínicos que atendiam toda a população do concelho.

Caracterização da escola.
O espaço escolar era constituído por três blocos, em que dois deles funcionavam como bloco de aulas e o outro como bloco administrativo, onde existiam também outros serviços de apoio, nomeadamente, biblioteca, papelaria, bufete e cantina.
Quanto aos níveis de ensino ministrados, a escola apresentava as características de uma escola do Ensino Básico (2º e 3º Ciclos) e Ensino Secundário, frequentada por um total de 832 alunos. Destes, 25 alunos estavam sinalizados como alunos apoiados pela Educação Especial, sendo 5 portadores de deficiência mental, 1 com deficiência visual e 19 portadores de dificuldades de aprendizagem.
O corpo docente era constituído por 75 elementos, em que 48 eram professores provisórios e 27 eram professores do quadro de nomeação definitiva. É de salientar que um dos professores do quadro de nomeação definitiva se encontrava a desempenhar funções no âmbito da Educação Especial, não existindo, no entanto, qualquer professor com especialização na área da Educação Especial.
A escola dispunha ainda de 9 funcionários administrativos, 21 auxiliares de acção educativa, 1 auxiliar de manutenção e 4 guardas-nocturnos (2 deles em regime de destacamento), 1 psicólogo e 1 assistente social.

A caracterização do aluno.
O aluno ingressou no 1º ano da escolaridade com 6 anos de idade e encontrava-se abrangido pela escolaridade obrigatória de nove anos e ainda pelo disposto no Dec. Lei nº 319/91, de 23 de Agosto, que regulamentava os apoios educativos especiais para alunos com necessidades educativas especiais.
Segundo o relatório médico o aluno revelava uma “
discreta lentidão difusa” e “imaturação de grau leve”, mostrava um nível intelectual dentro da média para a sua idade, mas com uma enorme dispersão dos resultados entre as várias provas efectuadas. Assim, naquelas que fazem apelo à linguagem e manipulação de conceitos verbais, os seus resultados eram francamente inferiores aos conseguidos nas provas de performance. Utilizava ainda um tipo de raciocínio intuitivo e centrado, revelador de alguma imaturidade em termos desenvolvimentais.
Estas características, aliadas ao frágil domínio da linguagem escrita contribuíam em grande medida para as dificuldades escolares com que se defrontava. Dadas estas características, qualquer plano de recuperação a ser “desenhado” para o aluno, teria que contemplar algumas actividades prévias destinadas à promoção do desenvolvimento das áreas mais deficitárias, como construir puzzles, jogar xadrez e contar histórias de forma sequencializada. O aluno tinha ainda muitas dificuldades em organizar e rentabilizar os seus tempos de estudo, recorrendo com demasiada frequência à memorização. Daí que as aulas de compensação possam ser um momento óptimo para o ensino de estratégias de estudo, extracção da ideia principal e elaboração de resumos.
Era ainda relevada a importância a dar à imagem que esta criança estava a construir de si mesma. Na medida em que estudava e não obtinha rendimento, tinha de si uma imagem depreciada, pelo que, qualquer tarefa bem sucedida ou qualquer progresso ainda que mínimo, deveriam ser extremamente reforçados para o ajudar nesta reabilitação do auto-conceito e para que não se instalasse o desânimo que o conduziria ao não investimento nas tarefas escolares.
No relatório pedagógico global elaborado pelo conselho de turma foram enfatizados os aspectos da personalidade do aluno e sua inserção no grupo turma.
O aluno revelava-se tímido, fechado, pouco sociável e isolado dos restantes colegas não se lhe conhecendo mesmo amigos no seio da turma. A turma, por sua vez, não facilitava o seu processo de comunicação e integração, quer ignorando a sua presença, quer desdenhando das suas respostas quando era solicitado a intervir na aula.
O aluno tinha consciência da marginalização a que era votado por parte dos colegas, cujas atitudes em relação a si próprio qualificava de “maldades” e procurava proteger-se, encerrando-se nessa espécie de mutismo.
Na avaliação educacional pude ainda confirmar o referido pelos relatórios médicos e psicológicos. De facto, o aluno possuía uma auto-imagem desvalorizada, acompanhada de certas expectativas dos pais em relação aos estudos. Era inseguro e pouco confiante em si e nos outros. Era muito lento na execução das tarefas, embora se implicasse nelas. Apresentava acentuadas dificuldades na compreensão e descodificação da mensagem do professor, sem no entanto ser capaz de lhe dizer que tem dúvidas. A sua atenção era fugidia. O método expositivo com ele não resultava. Não conseguia recontar uma história simples e curta. Apresentava fraca capacidade de adaptação às novas situações e dificuldade em resolver situações que implicam bom senso e relacionamento interpessoal e grupal. Era fraca a capacidade de raciocínio aritmético. O seu vocabulário era reduzido para a sua idade. Fazia uma leitura corrente, com uma ou outra incorrecção, mas com grande dificuldade em reter e compreender o conteúdo do texto. Era fraca a sua capacidade de observação e percepção fina da realidade. Sentia acentuadas dificuldades em perceber uma situação no seu conjunto e ordená-la numa sequência lógica e orientá-la no tempo. Sentia dificuldades nas tarefas que implicassem organização e estruturação espacial, assim como na capacidade de análise e síntese.

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