segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Currículo Alternativo

Porque partilhava da mensagem de Andreas Rett quando este afirmava que “no caminho para a luz não se deixa ficar ninguém para trás”, construí o currículo alternativo para os alunos do Projecto o Direito à Diferença procurando criar contextos na escola que lhes proporcionassem as competências necessárias para uma possível integração futura no mundo laboral e, assim, pudessem vir a exercer uma actividade profissional em ambientes não segregados.
A intervenção educativa foi organizada de maneira a poder dar cumprimento a estes objectivos, seleccionando as áreas curriculares regulares (Educação Física, Educação Musical e Desenvolvimento Pessoal e Social) e as áreas curriculares especiais (Autonomia, Socialização, Informática e Pré-profissionais: Hortofloricultura e Madeiras), que me pareceram as mais adequadas, dentro das condições e recursos humanos e materiais existentes na escola.
Para cada uma das disciplinas do currículo comum e para cada área curricular especial foram definidos objectivos gerais e específicos adequados.
A Professora de Educação Física preocupou-se essencialmente em melhorar a aptidão motora, elevando o nível das capacidades físicas de modo harmonioso e adequado às necessidades de cada aluno; procurou promover-lhes o gosto pela prática regular da actividade física como factor de saúde e tentou assegurar a aprendizagem de um conjunto de matérias - de forma simples mas concreta - através da prática de actividades físicas expressivas (dança), jogos tradicionais e populares e actividades físicas desportivas (desportos individuais e colectivos); e fomentou nos alunos a sociabilidade, valorizando a sua autonomia, iniciativa, cooperação, solidariedade e responsabilidade.
A Professora de Educação Musical procurou que os alunos desenvolvessem a memória auditiva, o sentido rítmico, a memória rítmica, a motricidade e a criatividade. Para a consecução destes objectivos os alunos experimentaram sons vocais, reproduziram pequenas melodias, cantaram canções, experimentaram percussão corporal, acompanharam canções com gestos e percussão corporal e fizeram variações bruscas de andamento (rápido/lento) e de intensidade (fortíssimo/pianíssimo), experimentaram as potencialidades sonoras de materiais e objectos, utilizaram instrumentos musicais e reproduziram com a voz ou com instrumentos: sons isolados, motivos e canções.
Na disciplina de Desenvolvimento Pessoal e Social os alunos aprenderam algumas regras de diálogo e normas biológicas e morais; aprenderam a distinguir quando se age bem e quando se age mal (o bem e o mal na prática); enunciaram os elementos que constituem uma família; descobriram o seu papel na família e a colaborar na vida familiar.
Na área curricular Autonomia foram desenvolvidas actividades específicas para que cada aluno aprendesse a ser o mais autónomo possível.
Assim, na subárea de alimentação eles aprenderam a comer segundo um padrão adequado à sua idade e a permanecer à mesa de forma adequada.
Na subárea de Higiene aprenderam a utilizar a casa de banho autonomamente e a cuidar da sua higiene pessoal.
Na subárea Vestuário aprenderam a despir, vestir e cuidar do vestuário sozinhos.
Na área curricular Socialização aprenderam a cumprir regras sociais de convivência com colegas e adultos
Em Informática utilizaram programas informáticos utilitários (lúdico/didácticos) que procuram desenvolver competências de base, como a atenção, a memória e a concentração. Desenvolveram ainda conceitos espaciais, a psicomotricidade e a lateralidade.
Nas áreas pré laborais foram também definidos os objectivos em função da subárea. Deste modo em Hortofloricultura foram desenvolvidas actividades de maneira a que eles tivessem a oportunidade de conhecerem os utensílios agrícolas e a acompanhar o ciclo vegetativo das plantas. Aprenderam a escolher os utensílios agrícolas adequados à tarefa a executar e manipulá-los correctamente.
Na subárea de Madeiras aprenderam a conhecer as ferramentas mais usuais e a construir pequenos objectos em madeira.
Nestas áreas de pré-profissionalização proporcionou-se também o conhecimento do meio através de visitas e pequenos estágios de sensibilização o domínio instrumental (manuseamento de instrumentos/ferramentas e fez-se uma pequena despistagem vocacional.
Como estratégias globais procurámos proporcionar uma relação pedagógica individualizada e um clima de segurança, confiança e afecto utilizando a imitação, as ajudas físicas e verbais, o reforço positivo, as visitas e passeios e a variação das actividades e concretização das mesmas como estratégias de superação das suas reais dificuldades.
Para a avaliação utilizámos uma ficha individual de avaliação e observação que nos permitiu fazer o registo sistemático sobre: a organização pessoal e do material; o relacionamento; as aprendizagens nas áreas curriculares (regulares e especiais); as atitudes e comportamentos de cada aluno. Nesta ficha deveriam ainda ficar algumas observações complementares, sobretudo os aspectos considerados mais importantes e a ter em conta para a definição da intervenção educativa do ano lectivo seguinte, tendo em conta as expectativas criadas para cada aluno em função da resposta individual dada ao longo do ano.

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