sábado, 2 de abril de 2011

Tese - Principais conclusões do estudo

Pretendi com este estudo saber em que medida os docentes são favoráveis ou desfavoráveis à integração das crianças deficientes mentais no sistema regular de ensino, bem como os motivos de tais atitudes.
Para o conseguir, tive que percorrer várias etapas de forma a dar cumprimento aos objectivos definidos que (recordo) passavam por caracterizar a atitude dos professores face à inclusão de alunos portadores de deficiência mental; encontrar relações entre tipos diferentes de atitude/motivos e aspectos da experiência profissional dos professores e saber as principais razões da sua posição.
Uma dessas etapas, e porque não dispunha à partida de questionários para o estudo do problema, passou pela construção do instrumento para a recolha dos dados. Optei pelo questionário porque é uma técnica relativamente simples de administrar, permite obter informações junto dos sujeitos da pesquisa e que depois de ser analisado, possibilita determinar a relação entre as variáveis de estudo. Permitiu-me ainda, recolher maior número de informações num mais curto espaço de tempo.
Considerei ainda imprescindível avaliar em que medida o questionário expressava, através dos seus itens, os constructos a avaliar. Ou seja, em que medida estava indicado para avaliar a atitude e opinião dos professores face à integração de alunos portadores de deficiência mental na escola/turma regular. Efectuei para o efeito uma análise factorial e de consistência interna do questionário.

Relativamente ao primeiro objectivo deste estudo, concluí que a maioria dos professores participantes é de opinião que os alunos com deficiência mental devem frequentar a escola regular, entende que a presença destes alunos na escola regular juntamente com outras crianças é moderadamente benéfica para o seu desenvolvimento, para o desenvolvimento dos outros alunos seus colegas de turma, para o professor e para o funcionamento da escola e é moderadamente prejudicial para o cumprimento do programa da sua disciplina.
No entanto, a grande maioria dos professores que tinham no ano lectivo em curso (1997/98), ou tiveram em anos anteriores, alunos com deficiência mental integrados nas suas turmas revelaram-se nada, ou pouco satisfeitos com essa experiência.
A maioria dos professores considerou a (SAP) Sala de Apoio Permanente o modelo de integração mais favorável para o acompanhamento destes alunos, logo seguido da turma regular com apoio.
Com estes resultados ficou-me a convicção de que a atitude geral dos docentes da amostra, não sendo negativa face à integração dos alunos portadores de deficiência mental, também não é claramente positiva.

Confirmei a necessidade urgente que havia de sensibilizar, estimular e dar formação aos professores já que entendia que a integração é a única via que possibilita o desenvolvimento harmonioso do indivíduo portador de deficiência mental. Para se promover a sua autonomia pessoal e a sua integração social na vida adulta, é fundamental que desde a infância sejam preparados para tal, o que dificilmente acontecerá em ambientes restritivos tal como as escolas especiais e as classes especiais.
Quanto maior o grau de deficiência da criança, mais precisa de ambientes normalizadores, ricos em linguagem e interacções sociais. Quanto mais rico e diversificado for o ambiente maiores serão as aprendizagens (PEREIRA, 1997).
Pareceu-me que o entendimento dos professores participantes no estudo ia ligeiramente neste mesmo sentido mas, precisaria de algo mais para melhorar o seu esforço e empenho na integração/inclusão do aluno com deficiência mental.
Os professores sentiam-se, em geral, pouco preparados para lidar com estes alunos, quer no plano do ensino/aprendizagem, quer no plano educativo mais geral. Também não se sentiam especialmente preparados para envolver os pais destes alunos num plano educativo articulado entre a escola e a família.
O estudo revelou assim que a preparação sentida pelos professores para lidar com os alunos portadores de deficiência era uma componente importante das suas atitudes/opiniões face à integração. Mostrou ainda que, em particular, os professores do 3º ciclo, por comparação com os professores do 1º e do 2º ciclos, se sentiam especialmente mal preparados.

Assim, preparar os professores, nomeadamente os professores do 3º ciclo para as exigências e requisitos colocados pela integração dos alunos com deficiência mental, nomeadamente no desenvolvimento das práticas, indo de encontro às suas necessidades educativas, surgiu como um imperativo essencial de atenção e actuação.

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